Porque Investir na Bolsa de Valores? Vantagens, riscos e oportunidades

Diante de tantas pessoas conquistando riqueza e dinheiro no mercado financeiro, é natural muitos almejarem o sucesso nessa área. Mas antes, se pergunte: porque investir na bolsa de valores? 

Investir em ações geralmente causa receio na maioria das pessoas. Elas imediatamente associam o mercado de capitais a um imenso cassino.

Um ambiente de alto risco no qual apenas os mais ágeis, bem informados e habilidosos obtêm sucesso, enquanto a maioria vê uma parte significativa de suas economias suadas desaparecer.

Essa perspectiva, em grande parte, decorre da falta de cultura em investimentos de renda variável no país, aliada à limitada compreensão das pessoas sobre o funcionamento real da bolsa de valores e do mercado acionário.

Muitos acreditam que a única estratégia viável (e “vencedora”) nesse mercado é a compra e venda a curto prazo.

Até crenças influenciam no assunto; porque investir na bolsa de valores

 

Há também a crença equivocada de que o mercado de ações é exclusivo para aqueles com grandes fortunas, o que não é verdade.

Por meio do mercado fracionário e com corretoras que oferecem taxas cada vez mais acessíveis, os investidores podem adquirir ações com menos de R$ 1.000, por exemplo.

Mesmo assim, esse mito acaba desestimulando o interesse de muitas pessoas no mercado acionário. Adicionalmente, devido ao histórico de taxas de juros elevadas no Brasil, os poucos poupadores do país sempre optaram por alocar seus recursos em renda fixa.

Afinal, por que se “arriscar” em ações se é possível obter ganhos talvez até maiores e com maior segurança na renda fixa?

Esses fatores ao longo do tempo afastaram as pessoas da bolsa de valores, resultando em pouco mais de 500 mil investidores cadastrados na B3 (Bovespa) hoje, o que corresponde a cerca de 0,17% da população.

Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de metade da população está envolvida em investimentos em ações, o que equivale a mais de 160 milhões de investidores.

Contrastando com isso, na Índia, um país em desenvolvimento semelhante ao Brasil, mas com uma população consideravelmente maior, apenas cerca de 2% de seus habitantes investem em ações, totalizando mais de 26 milhões de pessoas participando do mercado financeiro.

É evidente que a penetração do mercado de ações na população brasileira é notavelmente reduzida.

Acreditamos firmemente que, à medida que a população compreenda o verdadeiro propósito e as vantagens de investir em ações a longo prazo; adotando uma abordagem de sócio e focando na participação nos resultados, esse cenário tenderá a se transformar com o tempo.

Portanto, visando auxiliar e promover uma compreensão mais ampla sobre o investimento em ações, destacamos abaixo alguns dos principais motivos e benefícios que todos os investidores considerando a bolsa deveriam ponderar.

 

Porque investir na bolsa de valores? Investir em ações proporciona retornos significativamente superiores a longo prazo

 

Globalmente, especialmente em nações desenvolvidas, optar por investir em ações sempre representou a escolha mais lucrativa e perspicaz para construir patrimônio ao longo dos anos; mesmo diante de alguma volatilidade em prazos mais curtos e médios, o que não diminui, contudo, o excelente desempenho geral.

O estudo “Triumph of the Optimists” conduzido por Elroy Dimson, professor da London Business School, e publicado em 2003, analisou o rendimento do mercado acionário em comparação com investimentos em instrumentos de dívida ao longo de um período de até 100 anos. O resultado confirmou o que era esperado: o investimento em ações mostrou-se muito mais lucrativo.

 

Nos Estados Unidos, por exemplo, o investimento em ações registrou um retorno de aproximadamente 6,3% ao ano em termos reais (ajustados pela inflação) no período de 1900 a 2000, enquanto o investimento em títulos públicos (bonds) proporcionou um retorno de menos de 2% ao ano em termos reais.

Essa inclinação também se evidenciou em diversos mercados internacionais, como Suíça, Espanha, Irlanda, Dinamarca, Reino Unido, Itália, África do Sul, Austrália, entre outros.

O estudo ainda evidencia que, em todos os países examinados, o desempenho das ações ao longo de aproximadamente um século sempre apresentou resultados positivos em termos reais. Em períodos de curto prazo ou poucos anos, observam-se distorções, tanto para cima quanto para baixo.

Contudo, a longo prazo, as ações invariavelmente se destacam como as escolhas mais vantajosas para investimentos.

É possível observar no gráfico que manter ações no período de 2000 a 2002 resultou em retornos negativos para praticamente todos os mercados, embora o desempenho médio das ações de 1900 a 2002 tenha sido positivo em termos reais ao longo do tempo.

No Brasil, é frequente ouvir de algumas pessoas, da própria mídia e de veículos de comunicação que a bolsa de valores sempre teve um desempenho significativamente inferior à renda fixa, reforçando a ideia de que investir em ações não faz sentido.

Isso possui certa verdade, especialmente quando analisamos um determinado período e focamos apenas no Ibovespa, principalmente devido às altas taxas de juros que o país já experimentou, chegando a superar os 30% ao ano.

Durante esse período de taxas de juros elevadas, fazia sentido privilegiar a renda fixa e evitar as ações. No entanto, nos últimos anos, o cenário mudou, e não vemos taxas de juros tão altas há mais de uma década, tornando naturalmente a renda fixa menos atrativa.

Podemos observar abaixo como as taxas de juros reais têm diminuído consistentemente ao longo do tempo, impactando negativamente aqueles que buscam exclusivamente opções na renda fixa.

Em nossa perspectiva, é provável que os juros reais continuem declinando, e ao projetar os próximos 12 meses, a previsão aponta para juros reais inferiores a 4%.

Além disso, devido à presença, na carteira teórica do Ibovespa, de várias empresas com sérios problemas, endividamento significativo e natureza cíclica, o desempenho do índice é naturalmente afetado.

Isso contribui para a percepção de que o mercado de ações é menos atrativo em comparação com a renda fixa.

Um exemplo é a OGX, uma empresa altamente endividada, pré-operacional, sem lucros nem geração de caixa. Chegou a ter mais de 5% de participação no índice Ibovespa, impactando negativamente o desempenho do índice quando suas ações despencaram. A OGX evidencia a falta de filtros qualitativos no Ibovespa.

A Petrobras, uma estatal que enfrentou diversas dificuldades financeiras e escândalos de corrupção nos últimos anos, também sempre figurou entre as maiores participações do índice.

Entretanto, ao compararmos o desempenho de ações de empresas consolidadas, lucrativas, com boa geração de caixa e situação financeira sólida, o cenário difere significativamente da narrativa comum.

Ao analisarmos as ações do Bradesco, um dos principais bancos do país, constatamos que o retorno dos ativos desde 1995, considerando dividendos e reinvestimentos, superou significativamente o CDI, como ilustrado abaixo.

Caso um investidor tivesse aplicado R$ 100,00 em ações do Bradesco em 1995 e reinvestisse os dividendos, hoje teria quase R$ 12.000,00, contra pouco mais de R$ 3.500,00 do CDI.

O desempenho das ações da Ambev também é uma prova de que, optando por boas e lucrativas empresas, o investidor obtém um retorno muito mais expressivo no longo prazo.

Esse desempenho de ações que superam tranquilamente o CDI. Mesmo em um período de juros extremamente elevados, ainda pode ser observado em inúmeros ativos de empresas como Itaú, Itaúsa, Vale, Ultrapar, Souza Cruz (já fechou o capital), Lojas Renner, Guararapes, Klabin, CSN, Panvel, Raia Drogasil, Lojas Americanas, Hering, Gerdau, etc.

 

O Brasil e a América Latina têm um extenso histórico de inadimplência

É frequente ouvir investidores e membros da mídia afirmarem que a renda fixa é consideravelmente mais segura do que o mercado de ações, argumentando que nenhum devedor seria mais confiável do que o Estado brasileiro.

Contudo, ao examinarmos o histórico de calotes do Brasil e de outros países da América Latina, percebemos que a realidade é diferente.

Desde 1800, historicamente, dos dez países que mais descumpriram suas dívidas externas, nove são da América Latina.

Equador e Venezuela lideram, com cerca de 10 calotes cada. O Brasil segue logo atrás, com nove, ao lado de Uruguai, Costa Rica e Chile.

Portanto, o Brasil figura entre os países que mais registraram calotes no mundo, infelizmente.

 

Emprestar recursos para um país com esse histórico não parece uma ideia prudente.

Você emprestaria dinheiro a um amigo que você sabe ter deixado de pagar suas dívidas muitas vezes? Certamente não.

É importante salientar que, embora o Brasil não tenha descumprido suas obrigações financeiras por um bom tempo, as contas públicas estão em situação delicada, com a expectativa de um déficit de quase R$ 160 bilhões para 2017.

Se reformas estruturais não forem implementadas e se o endividamento do país continuar a crescer, não se pode descartar a possibilidade de um novo calote no futuro.

 

Empresas têm propensão a expandir a longo prazo.

 

Quando um investidor compra ações de uma empresa, está essencialmente adquirindo uma parcela da empresa e tornando-se oficialmente um sócio, passando a compartilhar dos resultados, do crescimento e, eventualmente, dos desafios da mesma.

As empresas, acompanhando o crescimento do país e da economia global, tendem a se desenvolver a longo prazo, explorando novos mercados, conquistando novos consumidores e ampliando suas operações.

Esse é um dos principais motivos pelos quais aqueles interessados no mercado de ações deveriam considerar essa modalidade.

Diferentemente de um investimento em renda fixa, cujos rendimentos estão vinculados às taxas de juros e permanecerão estáveis e inalterados caso as taxas permaneçam constantes; as empresas, de maneira geral, têm a capacidade de crescer ao longo do tempo, resultando em resultados crescentes e dividendos que evoluem.

Tomemos o exemplo do Itaú Unibanco, um dos principais bancos do país, como uma ilustração autêntica de crescimento ao longo do tempo, refletido claramente em seus resultados operacionais.

O banco testemunhou seu lucro líquido aumentar de pouco menos de R$ 2 bilhões em 1999 para quase R$ 22 bilhões em 2016.

Esse é um crescimento notável impulsionado pela expansão de suas operações de crédito, com uma demanda crescente por crédito por parte da população e das empresas.

Além de um histórico substancial de aquisições estratégicas que possibilitaram ao banco adquirir participações em diversos negócios, inclusive no exterior.

Como os resultados do banco cresceram de forma expressiva neste período, suas cotações naturalmente se elevaram, assim como cresceram os dividendos pagos anualmente, o que, considerando o reinvestimento destes proventos, o investimento em Itaú teria gerado uma taxa de retorno de mais de 26% ao ano.

 

Para além do Itaú, encontramos diversas outras empresas que demonstraram um crescimento bastante atrativo ao longo dos anos, como Ambev, Ultrapar, Weg, Grazziotin, Multiplus, EZTec, Raia Drogasil, Bradesco, Banco do Brasil, Vale, Lojas Renner, Taesa, entre muitas outras.

Além da expansão evidenciada ao longo do tempo por essas empresas, como elas geralmente repassam a inflação em seus produtos e serviços, os resultados costumam estar resguardados contra os efeitos inflacionários.

Em contrapartida, na renda fixa, que se trata apenas de uma estrutura de crédito com rendimento estável vinculado a um índice que não cresce nem é dinâmico como o de uma empresa, é necessário descontar a inflação, resultando em um rendimento final bastante inferior.

Por exemplo, um título de renda fixa que oferece uma taxa anual de aproximadamente 8% líquido de imposto de renda, se considerarmos uma inflação de 4,5%, resultaria em um rendimento real de apenas 3,50%.

Por outro lado, em ações, uma empresa que distribui 4% ao ano em dividendos tende a aumentar esses dividendos ao longo do tempo, conferindo uma atratividade muito maior. Contudo, é claro que é necessário ter paciência.

 

Porque Investir na bolsa de valores do Brasil? Mercado brasileiro tem alta liquidez

O mercado acionário brasileiro apresenta uma considerável liquidez, o que naturalmente facilita a entrada e saída para os investidores preocupados com essa característica.

As 10 ações mais movimentadas na B3, por exemplo, possuem uma média diária de liquidez superior a R$ 300 milhões. Isso implica, na prática, que um investidor significativo detentor de R$ 300 milhões em algumas dessas ações poderia liquidar toda a sua posição em apenas um dia, caso decidisse vendê-las por algum motivo.

Mesmo ao considerarmos ações com menor liquidez, ainda temos um volume mínimo de negociação diária em algumas centenas de milhares de reais ou até mesmo em milhões, proporcionando uma liquidez mais do que adequada para a grande maioria dos investidores.

Dessa forma, investir em ações na bolsa de valores confere ao investidor uma notável flexibilidade. Isso difere, por exemplo, de uma empresa de capital fechado, onde, se o investidor precisar vender, terá que fazê-lo para os sócios, que são poucos e, frequentemente, podem não ter interesse ou recursos. Portanto, o investidor terá que buscar compradores, o que pode demandar um período considerável.

 

Uma excelente fonte de renda passiva

Para quem almeja garantir uma fonte de renda vitalícia ou obter uma renda adicional na aposentadoria, o investimento em ações também se configura como uma alternativa perspicaz.

Atualmente, é relativamente simples construir uma carteira de dividendos com um rendimento de aproximadamente 6% ao ano, um patamar atrativo para quem busca uma renda passiva para aposentadoria ou complemento de renda.

O investimento em propriedades, por exemplo, uma escolha popular entre os brasileiros que buscam renda na aposentadoria, oferece um rendimento de cerca de 5% ao ano por meio dos aluguéis mensais.

Entretanto, é importante recordar que os aluguéis são sujeitos a tributação de até 27,5%, o que prejudica significativamente o retorno efetivo desse investimento. Os aluguéis recebidos por um investidor acabam se situando em uma média de cerca de 3,50% a 4% ao ano após a aplicação da tributação.

Uma vantagem considerável em relação a outros investimentos é que os dividendos pagos pelas empresas são isentos de impostos.

Caso uma empresa declare pagamentos de proventos exclusivamente em dividendos, o rendimento do investidor será completamente isento de impostos, conferindo uma significativa vantagem.

Ademais, como já abordado, os dividendos têm propensão a aumentar a longo prazo. Portanto, os 5 ou 6% ao ano que o acionista recebe atualmente podem se transformar em 10, 15 ou até mais ao longo do tempo, com base no preço de custo por ação.

 

Conclusão sobre Bolsa de Valores. Leia e opini 😆

Levando em conta que o aporte em ações, a longo prazo, é a modalidade de investimento mais lucrativa em termos reais em âmbito global, conforme indicam diversos estudos, e considerando que as empresas têm a propensão de crescer ao longo do tempo, incrementando seus pagamentos de dividendos e valorizando suas ações, acreditamos que todo investidor deveria ponderar a inclusão de ações de empresas sólidas em seu portfólio para o futuro.

Entretanto, é válido recordar que para alcançar retornos consistentes no mercado, muitas vezes é preciso um período extenso, e a volatilidade no curto prazo pode resultar em retornos negativos.

Apesar disso, ao observarmos que os juros reais brasileiros têm consistentemente declinado ao longo das últimas décadas, tornando o investimento em renda fixa progressivamente menos atrativo (juros reais hoje direcionam-se para menos de 3,50%), consideramos que as ações são as escolhas mais perspicazes para quem almeja construir patrimônio e garantir uma aposentadoria condigna no futuro.

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